domingo, 17 de janeiro de 2010

A realidade; o instante no acrílico


A obra pictórica de João Feijó indaga em aquelas parcelas da realidade que são instantes, momentos, experimentações do segundo.
Segundo a segundo, a existência separa a sua poesia diária, a sua formulação determinante na evidência da transmutação. Porque o artista português aprofunda no momento, na determinação do instante.
Capta os cidadãos de forma subtil e evidente, momento a momento, quando vão comprar o pão, acompanhados do seu cão, circulando em bicicleta, quando vão para o emprego, passeiam, contemplam, se divertem, pensam, riem, choram, estão deprimidos ou a evoluir para uma nova geração de realidades.
Interessa-se pelo momento, que é a expressão do instante preciso, da formulação de quem se sabe possuidor de uma atitude que vai mais além dos alcances habituais.
É capaz de se recriar num instante fugaz, imortalizando esse momento, para convertê-lo em catalisador do destino.
Cada instante é inigualável e irrepetível, embora, aparentemente, cada pessoa o estabeleça de modo parecido, o realize de forma semelhante.
A vida é somatório de momentos, soma de conceitos e ideias que vão mais longe, que se reformulam com constância e repetição, para ser totalmente universais e únicos.
A verdade existe para ser mudada, para ser achada no mais fundo da articulação do discurso vital.
O instante é importante, porque capta a vida no presente activo, no aqui e no agora, para, depois, convertê-lo numa obra de arte, transmutar o momento, ser conscientes de que o instante é universal e alheio a quem o produz uma vez captado pelo artista plástico.
O instante converte-se no universal, expressão do sentimento, do estádio mental e espiritual, físico e de purificação que conduziu à sua pessoa e criação.
Cada momento é a expressão de uma determinada energia que o artista capta e expressa, extrapolando o seu pensamento, fomentando uma atitude instalada na obliquidade, no gesto, no movimento, na dinâmica da energia, na transformação do instante.
Conquista o instante que é parte do universo, ainda mais, é o cosmos em si próprio, representado formalmente na terra, por meio dos humanos, animais e paisagens, mas, no fundo, é pó de estrelas.

Joan Lluís Montané
Da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA)

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