segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Estádios, estados, a cor, a forma harmónica e a paisagem como panorâmica da alma


Estados da alma, estádios da mente. A alma e a mente na grande viagem ao interior de um próprio.
Uma viagem que parte de um tudo, que se instaura a partir da procura da luz, do que existe mais além do que olhamos, do que realmente nos motiva para viajar e transformar-nos no fio de ouro do labirinto de Ariadne.

João Feijó compreende esta particular Viagem a Ítaca, uma viagem espectacular que fazemos todos, que faz ele, e que o faz partindo de um eu, que vai à procura do seu super eu, de isso e do supra ser.

As suas paisagens são estados da alma, estádios da mente, produto das emoções, das subtilezas do pensamento.

Em sua obra parece como se tudo estivesse esbatido, quer sejam céu e água, quer terra e pitadas do vento que tudo move. Mas não há gesto, é o poder de evocação do cromatismo o que nos impulsiona a viajar com a magnanimidade dos que sabemos que somos capazes de superar todas as provas.

Estádios, estados, a cor, a forma harmónica, a paisagem como panorâmica da alma em todos os seus ângulos.

Paisagem urbana, gentes, pressa, sensação de velocidade no nada, bicicletas, chuva, calcetado singular, pontes e casas, animais que vão com o dono procurando o que não é miragem e que são partes de um tudo urbano.

Paisagens, água, céu, casas, bela arquitectura rural, que fica extasiada a partir de um tudo que se encontra num conjunto de inquietudes, que se produz como se fosse circunstância da substância essencial que tudo o harmoniza.

É um buscador independente, livre, sem ataduras, que não quer que lhe ponham etiquetas, que se constitui como parte de um tudo efectivo e conjuntado, que vai mais além, que se enaltece e se realiza para as profundidades do belo a partir da realidade, de uma certa realidade que entende como uma coisa que vai muito mais longe do que é em aparência.

Plasma aspectos do real, aqueles aspectos particulares que são especialmente belos. Porque a beleza é um estádio da alma, produz harmonia, aproxima-nos da paz, afasta-nos da guerra, dá-nos o necessário amor para superar os obstáculos existentes postos como provas essenciais de grande precisão.

É um catalizador da alma, do momento, medita no aqui e no agora, porque todos estamos na senda que nos indicaram os grandes mestres que no mundo foram, embora, em ocasiões, não saibamos como iluminá-la.
Neste caso, João Feijó diz-nos o modo, sendo momento com o momento, estádio da alma com a alma, anedota com o anedótico e essência de água com as suas paisagens da água.

Joan Lluís Montané
Da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA)


domingo, 17 de janeiro de 2010

A realidade; o instante no acrílico


A obra pictórica de João Feijó indaga em aquelas parcelas da realidade que são instantes, momentos, experimentações do segundo.
Segundo a segundo, a existência separa a sua poesia diária, a sua formulação determinante na evidência da transmutação. Porque o artista português aprofunda no momento, na determinação do instante.
Capta os cidadãos de forma subtil e evidente, momento a momento, quando vão comprar o pão, acompanhados do seu cão, circulando em bicicleta, quando vão para o emprego, passeiam, contemplam, se divertem, pensam, riem, choram, estão deprimidos ou a evoluir para uma nova geração de realidades.
Interessa-se pelo momento, que é a expressão do instante preciso, da formulação de quem se sabe possuidor de uma atitude que vai mais além dos alcances habituais.
É capaz de se recriar num instante fugaz, imortalizando esse momento, para convertê-lo em catalisador do destino.
Cada instante é inigualável e irrepetível, embora, aparentemente, cada pessoa o estabeleça de modo parecido, o realize de forma semelhante.
A vida é somatório de momentos, soma de conceitos e ideias que vão mais longe, que se reformulam com constância e repetição, para ser totalmente universais e únicos.
A verdade existe para ser mudada, para ser achada no mais fundo da articulação do discurso vital.
O instante é importante, porque capta a vida no presente activo, no aqui e no agora, para, depois, convertê-lo numa obra de arte, transmutar o momento, ser conscientes de que o instante é universal e alheio a quem o produz uma vez captado pelo artista plástico.
O instante converte-se no universal, expressão do sentimento, do estádio mental e espiritual, físico e de purificação que conduziu à sua pessoa e criação.
Cada momento é a expressão de uma determinada energia que o artista capta e expressa, extrapolando o seu pensamento, fomentando uma atitude instalada na obliquidade, no gesto, no movimento, na dinâmica da energia, na transformação do instante.
Conquista o instante que é parte do universo, ainda mais, é o cosmos em si próprio, representado formalmente na terra, por meio dos humanos, animais e paisagens, mas, no fundo, é pó de estrelas.

Joan Lluís Montané
Da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA)

Esculturas, mármore, bronze e acrílico

João Feijó é um artista plástico português que possui um olhar interior e pessoal, que se baseia e inspira em seu país mas com um claro alcance internacional, que se sente e trabalha livre, sem etiquetas, sem pretender caminhar para um conceito concreto, antes procura ser único no diverso, permitindo-se investigar em diferentes linhas e disciplinas artísticas, com nexos em comum coincidentes. Na sua escultura é expressivo, procura a linearidade do insinuante, quanto que na aguarela evoca o poder da aguada e no óleo determina o pormenor, procura o objecto, a paisagem ou a cena com precisão.

No caso do acrílico é mais subtil, evade-se de uma ideia de realidade, indo mais além do pormenor, do característico, para instalar-se mais além da descrição, procurando o sonho, a alegoria, para fazer parte de um especial modo de entender a existência, partindo de uma realidade mas fazendo-se subtil para ser mais preciso no determinado.
A sua escultura, como a cabeça de cavalo, é expressiva, é um canto à liberdade, mas, ao mesmo tempo, possui a necessária póesis para viajar através do emblemático, procurando a alegoria e inclusivamente o símbolo.

João Feijó consegue definir-nos que a existência é produto da suma de momentos, do conjunto de instantes, da determinação do que existe, a partir do que se vê e do que não se vê mas existe. Significa que é capaz de procurar símbolos para definir aquilo que não se vê mas que, ao mesmo tempo, determina a verdade da realidade partindo de uma certa descrição.

Em resumo, a sua obra entende-se a partir da análise da realidade, também através da determinação do alegórico e da visualização do que é espiritual, para ficar convertida em parte do seu conjunto de pensamentos e sensações.

Emprega mármore para a base, bronze para o desenvolvimento da ideia e acrílico como cor. O resultado é uma criação que destaca pela sua alegoria expressiva, sem renunciar a um certo tom enigmático.

Joan Lluís Montané
Da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA)

Entre Luzes



Costuma ser frequente que em artistas que moram ao pé do mar a luz e a cor abundem em grande parte da sua obra, como também o retrato da vida quotidiana das suas terras, os afazeres plácidos e calmos dos seus cidadãos em convívio. São habitualmente estas cenas simples e costumeiras da vida de cada amanhecer as que ilustram os trabalhos destes artistas. Pequenas sequências em curtos relatos desses acontecimentos, milhentas vezes repetidos por semelhantes, num recreio infinito após postos em linguagem plástica, vizinhos refastelados em velhos bancos ao sol numa das suas praças, ruas desertas como o modelo de cidade, fachadas habituais do lugar, o entardecer bucólico, o amanhecer literário. Em tudo isto a revelação de um carácter particular do lugar mostrado a través de fundos de gamas inacabáveis.

A obra de João Feijó decorre por essa narrativa de influência, tantas que não deixa de se perguntar qual a melhor maneira de registar todos esses acontecimentos que o envolvem cada jornada, se a través das texturas dos acrílicos, se utilizando a sucosidade do óleo, se pelo instantâneo das fotografias, se pela modulação da acção digital, a imponência da tridimensionalidade, a poética das aguarelas. Em qualquer dos casos, nada nos é ocultado na sua tentativa exultada de recriar a vida próxima, a vida repleta de luz frequentada pelo inchaço das cores. Assim o seu exercício.


José Manuel Álvarez Enjuto, Março 2009
Crítico de arte y doctor en Bellas Artes

http://www.art-joaofeijo.com/

Mestre da Aguarela


Aguarelista notável que também pinta a óleo e a acrílico, dedica-se à escultura e à fotografia e é director artístico da Galeria Actual.

Inspira-o o mar e o quotidiano natural e humano, envoltos por uma sensibilidade que remete ao Oriente.



Falar da aguarela moderna em Portugal é, forçosamente, falar de João Feijó, um jovem artista, irrequieto e introvertido, que alia à sua vocação precoce e bem demonstrada, uma preparação única em todas as técnicas de pintura, com especial relevo para a aguarela, cuja técnica assimilou durante a sua estadia na Alemanha, onde completou a formação recebida no país natal.
Feijó, detentor de uma forte vocação, frequentou os cursos da ARCO e da Sociedade Nacional de Belas Artes portuguesa (SNBA), o que lhe permitiu expor nas mais prestigiadas galerias, não só de Portugal, mas também de vários países europeus, sendo de destacar a sua participação na Feira Internacional da ARCO de Madrid. Sendo, talvez, um dos certames mais exigentes da Europa, esta feira aposta na modernidade de expressão, sempre que isso signifique uma garantia de qualidade, transmita um cunho pessoal e uma grande imaginação na selecção dos temas e na força de os tratar.
Este jovem artista português preenche, em grande escala, todas essas condições «sine qua non» exigidas pelo certame de Madrid, tendo obtido, entre outros numerosos galardões, o I Prémio na Exposição Internacional de Aguarela de Madrid.
Por termos tido a sorte de observar o pintor no seu meio ambiente, podemos afirmar que a perfeição do desenho, a perspectiva formal, os pontos de fuga como valor determinante do enquadramento e uma coloração monocromática, com predominância das cores frias, especialmente os vermelhos, constituem a garantia das obras que o nosso artista apresenta ao público interessado em arte. Como é essencial aos bons aguarelistas, a água corre, em liberdade absoluta, pelo suporte eleito, como se o elemento líquido, por especial graça da sua natureza, soubesse onde ir e como o fazer; só os grandes mestres da aguarela o conseguem fazer e isso está presente nas obras de Feijó que, naturalmente, não repudia o emprego de outras técnicas ou de outros matizes nos seus trabalhos. Torna-se assim necessário referir que, tendo a cor e a matéria como artífices, o artista esquece o que está a pintar e entra num jogo de luz e sombras, de formas rítmicas, de repartição de relevos, que proporcionam ao espectador o clima ideal para que possa entrar em comunicação com o pintor. Isto é o que, em definitivo, constitui a obra de arte bem feita, obra essa que temos de ver, para além de olhar e, acima de tudo, que é necessário sentir, para se captar toda a beleza que encerra a pintura de João Feijó.


Luís Hernández Del Pozo, 11 de Novembro 2008
De la Asociación Internacional de Críticos de Arte (AICA)


Pintura, poesia e solidão

As paisagens e as figuras são os géneros pictóricos mais viajados e que permitiram, a este pintor português, ser galardoado em Espanha. João Feijó é um artista versátil nas suas manifestações plásticas. A sua obra deriva de registos em óleo, acrílico, aguarela, fotografia, litografia, serigrafia... Em todo o seu trabalho plástico existem constantes poesias dignas de sublinhar: um certo sentido romântico, quase metafísico, nas suas paisagens; crónicas ou testemunhos sociais nas suas figuras.

As Séries de Paisagens de Feijó, intituladas Linhas de Água e Terras do Sul revelam um reportório icónico de grande beleza formal e cromática, onde as casas brotam de um modo enigmático, nos horizontes que servem de referência, como dividir um quadro nos três espaços de terra, arquitectura e névoa. As paisagens são na sua maioria solitárias, aparentemente desabitadas, que lhes confere um intensidade poética peculiar. O domínio do desenho está presente nestes trabalhos plásticos, iluminados por cor que se funde como protagonista neste tema.

A Série figurativa ou Personagens urbanas desenvolvida numa outra fase da carreira do artista, revelam a melancolia que os seres humanos sentem pela vida. São cenas que reflectem a solidão dos homens e a dureza do quotidiano. Rostos meio invisíveis com um enfoque quase fotográfico. Aqui a paleta contém-se os tons avermelhados e ocres, com o branco a iluminar uma quase intencional monocromia, provocando uma profunda carga emocional. Os títulos das obras revelam esse clima: Regresso a casa (em várias versões); O verdadeiro amigo; Uma mente livre... Pintura com drama que se liga com as raízes ou certa filiação de Edgard Hopper.
Em suma, uma pintura que faz jus à afirmação de Boecio: “Todo lo humano me interesa”.

Julia Sáez-Angulo
De la Asociación Internacional de Críticos de Arte

6 de Maio 2009

http://www.art-joaofeijo.com/