Uma viagem que parte de um tudo, que se instaura a partir da procura da luz, do que existe mais além do que olhamos, do que realmente nos motiva para viajar e transformar-nos no fio de ouro do labirinto de Ariadne.
João Feijó compreende esta particular Viagem a Ítaca, uma viagem espectacular que fazemos todos, que faz ele, e que o faz partindo de um eu, que vai à procura do seu super eu, de isso e do supra ser.
As suas paisagens são estados da alma, estádios da mente, produto das emoções, das subtilezas do pensamento.
Em sua obra parece como se tudo estivesse esbatido, quer sejam céu e água, quer terra e pitadas do vento que tudo move. Mas não há gesto, é o poder de evocação do cromatismo o que nos impulsiona a viajar com a magnanimidade dos que sabemos que somos capazes de superar todas as provas.
Estádios, estados, a cor, a forma harmónica, a paisagem como panorâmica da alma em todos os seus ângulos.
Paisagem urbana, gentes, pressa, sensação de velocidade no nada, bicicletas, chuva, calcetado singular, pontes e casas, animais que vão com o dono procurando o que não é miragem e que são partes de um tudo urbano.
Paisagens, água, céu, casas, bela arquitectura rural, que fica extasiada a partir de um tudo que se encontra num conjunto de inquietudes, que se produz como se fosse circunstância da substância essencial que tudo o harmoniza.
É um buscador independente, livre, sem ataduras, que não quer que lhe ponham etiquetas, que se constitui como parte de um tudo efectivo e conjuntado, que vai mais além, que se enaltece e se realiza para as profundidades do belo a partir da realidade, de uma certa realidade que entende como uma coisa que vai muito mais longe do que é em aparência.
Plasma aspectos do real, aqueles aspectos particulares que são especialmente belos. Porque a beleza é um estádio da alma, produz harmonia, aproxima-nos da paz, afasta-nos da guerra, dá-nos o necessário amor para superar os obstáculos existentes postos como provas essenciais de grande precisão.
É um catalizador da alma, do momento, medita no aqui e no agora, porque todos estamos na senda que nos indicaram os grandes mestres que no mundo foram, embora, em ocasiões, não saibamos como iluminá-la.
Joan Lluís Montané
Da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA)